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Luz no fim do túnel

Nascido na sociedade civil, movimento busca desenvolver cidades serranas e tem nas mulheres um exemplo de trabalho, dedicação e superação.

Por Soraya Vieira

Franskin Leite

As mãos que tecem a beleza do artesanato potiguar

No Alto Oeste do Rio Grande do Norte, região cercada por lindas serras, vamos encontrar um movimento que saiu da sociedade civil em busca da valorização de uma região onde o arquiteto divino foi muito generoso com suas belezas naturais e necessita ampliar a sua divulgação, como forma de desenvolver as cidades e entorno, com a chegada do turismo regional. O Circuito das Serras Potiguares, coordenado por Soraya Vieira e Gilton Sampaio, é um grito de atenção, respeito, coragem, confiança e fé de todos que querem contribuir para o desenvolvimento da região.

O movimento é formado por voluntários, apaixonados pela natureza, pela valorização das riquezas culturais de todos os torrões, não tem fins lucrativos e a sua sede é itinerante. As reuniões acontecem em cidades serranas e nos seus arredores. Cada encontro dos circuiteiros é uma festa da cultura local e debates sobre suas potencialidades turísticas vem à tona, dando visibilidade aos atrativos turísticos e capacitando as pequenas associações, para que possam desenvolver emprego e renda, visando ampliar as opções dos visitantes.

A presença feminina está nas gestões das cidades serranas, como Martins, com a prefeita Olga Fernandes; Luís Gomes, com Mariana Fernandes; Serrinha dos Pintos, comandada por Rosânia Teixeira e a cidade Riacho da Cruz, com Bernadete Rêgo, entre outras cidades na condição de vice-prefeita e de primeira-dama.

Mas a força e o talento femininos encontram destaque na confecção do artesanatos, exemplo disso está no centro da cidade de Pau dos Ferros, onde você pode encontrar diversos tipos de souvenirs confeccionados por um grupo de artesãs. Na cidade conhecida como Princesinha do Oeste, encontramos o trabalho encantador da professora da UERN Lúcia Sampaio, como o projeto Bale, levando poesia e teatro às escolas, promovendo uma linguagem educadora à juventude que é referência de um Brasil melhor e mais humano.

E as mulheres continuam dando sua contribuição na economia, como as louceiras do Sítio Vieira, da Serra de São Miguel do Ancanjo. A líder do Grupo, Raimunda Nonata da Silva, criou os filhos praticamente sozinha com a venda tigelas, chaleiras e potes. Ela modela com as mãos e transforma o barro em lindas peças de cerâmicas.

Já na serra de Portalegre, no Sítio Pega, a dança do São Gonçalo, coordenada por Aldezes Bessa, mantém a cultura do São Gonçalo de Amarante, nascido em Portugal em 1.200, ficou conhecido como “santo casamenteiro”. E mesmo tendo, na época, a igreja se rebelado contra esse tipo de festejo, a comunidade quilombola se manteve firme na preservação da sua cultura. A dança é composta por doze mulheres, dois homens e nos versos da rima vamos encontrar esse refrão mais repetido:

“São Gonçalo de Amarante
Casamenteiro das moças
Oh! casai-me a mim primeiro
Para então casar as outras”.

Assim, a brava mulher do sertão, que não deixou de usar batom, mostra que gosta de roupas coloridas, de perfumes ativos e de um forró pé-de-serra para “desparecer” o dia puxado do trabalho, que pode ser no lar, na agricultura, no artesanatos na produção de doces caseiros , enfim , elas continuam a sonhar e nos sonhos que embalam o seu dia a dia está a preservação da família e o crescimento dos filhos.

As mulheres do Alto Oeste ainda necessitam melhorar a sua escolaridade, porque mesmo possuindo a sabedoria da vida, precisam ocupar melhores espaços na sociedade. As nossas Marias, Severinas, Antônias e Raimundas ainda permanecem presas à ditadura da miséria e da falta de oportunidades. Sofrem ainda como a falta das chuvas que castiga a região e tem consequências direta na vida da mulher, já que a predominância das suas atividades é doméstica e a água está literalmente ligada ao seu trabalho junto à família.

Nesse contexto, o Circuito das Serras Potiguares chega com objetivo primordial de contribuir para o desenvolvimento da região serrana e isso passa por várias vertentes, entre elas a linguagem de uma consciência mais ampla para a mulher, que tem colaborado de forma sistêmica para o desenvolvimento, deixando para trás a imagem de mulheres com aspectos maltratados, que não cuidam da aparência e que não usam corretamente a fala pela falta de oportunidades.

A palavra sincera tem a força da verdade e ela começa no lar, sob a égide do amor, necessitando colocar em movimento e como o vento sopra com força nas nossas serras potiguares, haverá de espalhar como sementes de luzes na construção de um mundo novo, que contemple a todos e não só as regiões mais próximas dos grandes centros. Vivam as mulheres do Alto Oeste Potiguar.

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